segunda-feira, 31 de maio de 2010

Autor do livro ‘Gêmeos Virtuais’ fala sobre processo de criação literária no 2º FILC

Entre autores consagrados no meio literário brasileiro e outros que dão os primeiros passos nessa área, o autor do livro Gêmeos Virtuais (Komedi, 2008), o professor de Física José Raphael Daher fará um bate-papo para o público do FILC, no dia 3 de junho de 2010 – quinta-feira – às 17h, no Largo do Rosário, em Campinas-SP.

O tema do bate-papo será Gêmeos Virtuais: Ideias, Expressão, Leitura, Vocabulário. A partir de sua experiência como autor, José Raphael apresenta os passos da criação literária, com a proposta de estimular leitores e futuros escritores.

Gêmeos Virtuais é a primeira obra publicada do autor, mas sua produção literária de romances e contos ainda em prelo aumenta periodicamente.

O festival

O 2º Festival Internacional da Leitura acontece até 6 de junho. O evento ocorrerá simultaneamente na Estação Guanabara e no Largo do Rosário, e homenageará a escritora Hilda Hilst, falecida em 2004. Além de autores importantes do Brasil e exterior, o 2º FILC vai apresentar uma extensa programação cultural e artística - Literatura, Teatro e Música - para pessoas de todas as idades, sempre com entrada franca.

A programação completa está no site www.filc.com.br. O festival é uma realização conjunta da Prefeitura de Campinas e Unicamp, correalização do Sesc-Campinas, com produção cultural da Articular. O evento tem patrocínio da Nutron, Cosan, Magazine Luiza, CCR AutoBan, Banco do Brasil e Petrobras.


segunda-feira, 24 de maio de 2010

O que é cultura e o papel da mitologia

Existe uma confusão acerca do conceito de ‘cultura’ dentro do que chamamos de senso comum. Isso significa que a maioria das pessoas, independente de classe social ou nível educacional, pensam e disseminam um conceito distorcido desse termo.

Então vamos ao esclarecimento:

Cultura é, além de definir a ação de cultivar a terra, o conjunto de conhecimentos e ações, hábitos, comportamentos, ferramentas, tecnologias, políticas, regras, moral, ética etc. que determinam a forma de viver de um grupo social e determinam seu senso comum. No entanto, esse conceito também se aplica a um universo particular de conhecimento, que sob o domínio de um indivíduo o qualifica para avaliar determinadas situações e conteúdos, estimulando seu senso crítico.

Acredito que seja a partir dessas variações do conceito que surge a confusão. Isso porque muitos reproduzem a seguinte frase: “Essa pessoa não tem cultura.” Este tipo de afirmação não é possível, a não ser que ‘a pessoa’ a que o interlocutor esteja se referindo não tenha sido criado dentro de um grupo social, ou seja um tipo de “Mogli – menino lobo”.

Todo ser humano, inserido num grupo de pessoas e vivendo junto com ele, tem cultura. Pode ser a cultura do lixão, ou seja, de viver – dia após dia – buscando restos nos lixões. Esse é o hábito dele. É sua forma de viver. Isso o aproxima de algumas pessoas e o distancia de outras. Define o que ele come, o que ele pensa e sente, como ele se comporta. Talvez não seja uma cultura estabelecida institucionalmente, oficial, mas é uma maneira de cultivar hábitos.

E esta cultura dos lixões, dessa forma, como todas as outras, perpetua-se. Por meio de experiências e histórias que constituem sua tradição cultural, a qual estabelece suas autoridades e hierarquia. Os mais antigos contam suas histórias e agregam seguidores que acreditam ser a sua forma de viver um modelo, em alguns casos, a única alternativa de vida que consideram viável.

E o que são essas histórias senão ‘mitos’. Narrativas simbólicas que representam o sucesso ou insucesso de personagens-tipo da cultura em que estão inseridos. Se na sociedade industrial, os nossos heróis são os executivos bem sucedidos, modelos e jogadores de futebol, nos lixões temos a figura de “Estamira”, por exemplo – personagem central do filme com o mesmo nome.

É o mito, que ganhou espaço na literatura e, mais tardiamente, no cinema, que continua ensinando nossa cultura, como devemos viver, agir, pensar, nos relacionar, trabalhar, amar etc. Mas as histórias se multiplicaram e se diversificaram de acordo com as ferramentas e circunstâncias. Tornaram-se divulgadas em massa, graças ao desenvolvimento da tecnologia da comunicação e da informação.

E, embora o mito pareça algo do passado remoto, ele está presente diariamente em nossas vidas, cada vez que alguém conta uma história e associa seu comportamento ao sucesso e ao amor ou à derrota e à dor. O mito nos dá modelos mentais para que possamos saber como pensar, como agir. Seja ele contado de boca-a-ouvido ou transmitido via TV, Internet, rádio, jornal ou revista.

E são as histórias que se conta entre os indivíduos de um mesmo grupo social ou via meios de comunicação que dão os alicerces de uma cultura. Muito mais do que as regras oficiais, os modelos estimulam ou desestimulam nossas ações. Isso demonstra que aquilo que lemos, ouvimos, estudamos, com o que trabalhamos, assistimos etc. de maneira informal (e na maioria das vezes com vínculo emocional e afetivo), influencia mais nosso comportamento e forma de vida (nossa cultura) do que a racionalidade de uma lei oficial, de algo registrado formalmente como código a seguir.

Novamente, uma cultura é mais do que a formação ou educação cognitiva – modelo comum hoje nas escolas de quase todo o mundo –, é mais do que um conjunto de regras e leis racionais que recompensam ou punem. É uma rede de histórias, de mitos, de modelos, de símbolos, de pessoas que nos influenciam o tempo todo neste ou naquele caminho e nos permitem desenvolver nossas habilidades cada vez mais ou nos aprisionam a um ciclo vicioso, aparentemente sem saída.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Abandone a solidão e “apegue-se” à transformação

O sentimento de solidão só ocorre àqueles que são maciços demais, materialistas demais, incapazes de mudar para uma rotina melhor, um caminho melhor, uma vida melhor.

A própria palavra já diz: sólidos... solidão.

A solidez é necessária, porque é só pela matéria que somos capazes de existir, de viver e de nos expressar, manifestar, nos relacionar etc. Mas a solidez por si só é inerte, é vazia, não tem vida, não tem sentido.

E esta solidão é fruto da civilização que ordenou a vida de maneira concreta e distanciou o homem da sua natureza e da natureza que o cerca.

‘Natureza’ que é quase um sinônimo para ‘transformação’.

O valor da “coisa”, ao longo dos séculos, ampliou-se e superou o valor da vida, do ser, do homem.

Se você sente solidão e quer sair da solidão, seja mais flexível. Aprecie o nascer e o pôr do sol, o movimento das nuvens no céu, o vento que acaricia as folhas das árvores, a borboleta que colore os ares, o canto dos passarinhos, o sorriso das pessoas, seu trabalho, sua diversão, sua alegria de viver, mude de perspectiva... encontre o olhar da criança curiosa que você um dia já foi e aprenda a apreciar cada manifestação, cada fenômeno que este mundo lhe oferece, de coração aberto, disposto a aprender e a se transformar sempre.

Vida é transformação. E se transformar é justamente o inverso de se solidificar.

Pense no conceito do átomo. Há muito tempo que ele perdeu sua solidez e ganhou infinitude. Já parou pra pensar nisso: você é composto por inúmeras partículas infinitas...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cidades sustentáveis? Desafios e oportunidades

Carlos Leite- Há cem anos, apenas 10% da população mundial vivia em cidades. Atualmente , somos mais de 50%, e até 2050, seremos mais de 75%. A cidade é o lugar onde são feitas todas as trocas, dos grandes e pequenos negócios à interação social. É onde a cultura abrange e interliga nações de todo o planeta. Mas também é o lugar onde há um crescimento desmedido das favelas e do trabalho informal: estima-se que dois em cada três habitantes viva em favelas ou “sub-habitações”. E é também o palco de transformações dramáticas que fizeram emergir as megacidades do século XXI: as cidades com mais de 10 milhões de habitantes já concentram grande parte da população mundial.

Em época de imperativa preocupação com o desenvolvimento sustentável, é de se destacar que 2/3 do consumo mundial de energia se dá nas cidades e aproximadamente 75% de todos os resíduos gerados ocorrem nas cidades. Portanto, falar em mudanças climáticas, aquecimento global e sustentabilidade é falar de cidades sustentáveis.

A s metrópoles são o grande desafio estratégico do planeta neste momento. Se elas adoecem, o planeta fica insustentável. No entanto, a experiência internacional – de Barcelona a Portland, de Nova Iorque a Bogotá – mostra que as metrópoles se reinventam. Se refazem. Por que as metrópoles contemporâneas compactas – densas, vivas e diversificadas nas suas áreas centrais – propiciam um maior desenvolvimento sustentável, concentrando tecnologia, novas oportunidades de crescimento, gerando inovação e conhecimento em seu território?

Em junho de 2008, visitei Sir Peter Hall em sua casa no subúrbio de Londres. Um dos maiores estudiosos das cidades, ele costuma dizer que “inovação urbana importa tanto quanto infraestrutura urbana”. Ao ser questionado sobre os desafios complexos das megacidades que souberam se reinventar – falávamos dos diversos projetos urbanos em curso em Londres e da falta deles nas nossas grandes cidades, como São Paulo – ele lembrou-me, sabiamente, que Roma, Londres, Paris e Nova Iorque estavam entre as três maiores cidades em seus respectivos tempos de auge, quando suas grandes inovações urbanas ocorreram. Ou seja, mesmo as grandes cidades, nossas metrópoles complexas e superpopulosas podem se reinventar e conquistar mais qualidade de vida e serem mais sustentáveis.

Nas décadas recentes, tem-se observado uma emergência comum às grandes metrópoles mundiais, as cidades-globais: os antigos espaços urbanos centrais estão perdendo boa parte de suas funções produtivas, tornando-se obsoletos e, assim, verdadeiros guetos de degradação urbana, social e ambiental. Tratam-se dos chamados vazios urbanos, ou brownfields (quando contaminados).

Do ponto de vista urbanístico, essas transformações resultaram em uma série de problemas comuns que vêm afetando as nossas cidades hoje. O abandono das áreas centrais metropolitanas pelo setor industrial e a consequente degradação urbana de espaços com potenciais tão evidentes de desenvolvimento – afinal, dotados de preciosa infraestrutura e lozalização privilegiada – é face da mesma moeda que expõe a urbanização ilegal, porém real e incontrolável, de nossas periferias, o chamado espraiamento urbano, cujas consequências são dramáticas em termos de total insustentabilidade ambiental, social, econômica e urbana. O espraiamento urbano é nefasto, pois gera uma ocupação de baixa densidade, distanciamento improdutivo e, no caso das grandes cidades brasileiras, se dá sobre áreas de proteção ambiental. Ou seja, a dispersão urbana é o oposto de uma cidade sustentável.

Em diversas metrópoles mundiais que têm conseguido reverter essa situação, as áreas industriais obsoletas se tornam alvo de atuação dos grandes projetos urbanos. É a reconversão industrial. Vazios urbanos se tornam palco da implantação desses projetos aliados ao surgimento de políticas urbanas de desregulamentação urbanística e parcerias entre o poder público e iniciativa privada.

As metrópoles são o locus da diversidade – da economia à ideologia, passando pela religião e cultura. E esta gera inovação. As maiores cidades do hemisfério norte descobriram isso já há alguns anos e têm se beneficiado enormemente – inclusive em termos da atração de novos investimentos – desse diferencial, dessas externalidades espaciais. E têm promovido seus projetos de regeneração urbana através de políticas de inovação urbana. Centros urbanos diversificados, em termos de população e usos, com empresas ligadas à nova economia, têm se configurado nas novas oportunidades de inovação urbana em áreas anteriormente abandonadas.

E cidades sustentáveis são, necessariamente, compactas, densas. Como se sabe, maiores densidades urbanas representam menor consumo de energia per capita: em contraponto ao modelo Beleza americana de subúrbios espraiados no território, com baixíssima densidade, as cidades mais densas da Europa e Ásia são hoje modelos na importante competição internacional entre as global green cities , justamente pelas suas altas densidades e diversidade de usos. Ou seja: cidades sustentáveis são compactas e diversificadas.

Assim, parece-nos evidente o papel único das metrópoles na nova rede de fluxos mundial e processos inovadores. O potencial do território central regenerado e reestruturado produtivamente é imenso na nova economia, desde que planejado estrategicamente. Sob o prisma do desenvolvimento urbano sustentado, voltar a crescer para dentro da metrópole e não mais expandi-la é altamente relevante: reciclar o território é mais inteligente do que substituí-lo. Reestruturá-lo produtivamente é possível e desejável no planejamento estratégico metropolitano. Ou seja: regenerar produtivamente territórios metropolitanos existentes deve ser face da mesma moeda dos novos processos de inovação econômica e tecnológica.

Uma agenda possível para promover as nossas cidades sustentáveis deveria incorporar os seguintes parâmetros:

- A cidade é “a” pauta atual: o século XIX foi dos impérios, o século XX das nações, o século XXI é das cidades.

- As megacidades são o futuro do planeta urbano. Devem ser vistas como oportunidades e não problema.

- O desenvolvimento sustentável se apresenta mais urgentemente onde mora o problema: as cidades darão as respostas para um futuro “verde”, nelas se consomem os maiores recursos do planeta, nelas se geram os maiores resíduos.

- As cidades se reinventam. Afinal, elas não são fossilizadas: as melhores cidades, aquelas que continuamente sabem se renovar, funcionam similarmente a um organismo, quando adoecem, se curam, mudam. Refazê-la ao invés de expandi-la. Compactá-la. Deixá-la mais sustentável é transformá-la numa rede estratégica de núcleos policêntricos compactos e densos, otimizando infraestruturas e liberando territórios verdes.

- Sustentabilidade desmistificada. Desenvolver com sustentabilidade pressupõe crença no progresso humano. Significa não cair na armadilha psicanalítica do imobilismo ou regresso bucólico-saudosista propiciados pelos discursos catastrofistas-deterministas ou “eco-chatos”. Ou seja: acreditamos na evolução do conhecimento, das técnicas e das tecnologias humanas. Uma postura estrategicamente proativa impõe a adoção de medidas e parâmetros “verdes” em praticamente tudo que fazemos atualmente, mas impõe, sobretudo, a busca e adoção das técnicas e tecnologias avançadas na racionalização da gestão dos projetos e da operação das cidades. Como exemplo: medidas mitigadoras que visam uma melhor “pegada” ecológica urbana, como o menor consumo de energia, adoção de matriz de energias renováveis, reciclagem de lixo urbano, aumento do gradiente verde das cidades e reuso de águas devem ser buscadas sempre. Porem, é mais estratégico que tudo isso se faça na cidade de núcleos policêntricos compactos. O resultado ambiental efetivo é amplamente maior se adotada a reinvenção urbana real. A cidade compacta fará a diferença real no uso mais racional e sustentável dos recursos.

- Exclusão. Não há ilusão. As imagens aéreas, o “olhar de sobreolhar”, são reveladores: as cidades desenvolvidas são as cidades sustentáveis, inclusive socialmente. Mais verdes e mais includentes. São, normalmente, as mais antigas, pertencentes aos países desenvolvidos, “de primeiro mundo”. Ali os maiores dramas já foram resolvidos e há, agora, oportunidade e recursos para a implementação de melhorias que as megacidades emergentes (São Paulo, Xangai) ou de países subdesenvolvidos (Lagos, Dakar) estão muito longe de poder buscar. É muito mais urgente São Paulo, por exemplo, cuidar de direcionar esforços e recursos para regenerar territórios centrais e dotá-los de amplas quantidades de habitação coletiva, construídos rapidamente através de sistemas industrializados, do que preocupar-se com a arborização ou mobiliário urbano de bairros ricos. Não há cidade sustentável sem a desejável sociodiversidade territorial.

Carlos Leite é arquiteto, mestre e doutor pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, com pós-doutorado em desenvolvimento urbano sustentável pela California Polytechnic University e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

sábado, 8 de maio de 2010

Construindo parcerias duradouras com empresas

(Texto direcionado para organizações não-governamentais, mas com uma abordagem interessante. Podemos aprender sempre! A tendência é que as empresas que estabeleçam parcerias bem sedimentadas tenham maior sucesso. beijos Aline)

Por Carla da Nóbrega

Em tempos em que os bons exemplos de responsabilidade social empresarial pipocam por todos os lados, as organizações estão cada vez mais antenadas para a construção de boas parcerias. Entretanto, a parceria desejada é aquela em que há tal nível de confiança entre os parceiros que sua continuidade ao longo do tempo é um caminho natural. Não queremos parcerias instáveis que, a cada renovação, tornam-se motivo de ansiedade e insegurança em relação ao futuro. Sonhamos com parcerias duradouras, as quais tragam segurança e tranquilidade.

Mas qual é o segredo de uma parceria assim? Se analisarmos o conceito de parceria descrito por Marlova Noleto na publicação Parcerias e Alianças Estratégicas: Uma Abordagem Prática, é “uma associação em que a soma das partes representa mais que o somatório individual de seus membros. Passa a ideia de união, proximidade. O parceiro é um amigo, um aliado”.

Ora, então por que não usamos os mesmos princípios utilizados com nossos melhores amigos? Afinal, dedicar confiança, respeito, ética e transparência na relação com um parceiro corporativo não faz mal a ninguém, não é mesmo?

Mas a empresa quer e precisa receber mais. Ela está investindo em seu projeto, e você tem o compromisso de fazer um excelente trabalho com seus recursos e lhe mostrar o retorno. Aí começa outra lista de princípios a serem respeitados: reconhecimento ao parceiro, relatórios, prestação de contas, impacto social, indicadores, agradecimentos, resultados, caminho do projeto para a sustentabilidade etc.

Agora já sabemos o que ele espera de você, e você sabe que deve fazer muito bem seu trabalho. Entretanto, não estamos aqui falando de qualquer parceria, mas, sim, de parcerias duradouras, aquelas que resistem a tempos de crise econômica.

Para chegar a isso não há receita pronta, mas podemos encontrar pistas. Tal qual em uma relação de amizade, as melhores lembranças que o seu parceiro terá serão os “detalhes”, que não estão escritos em branco e preto nos contratos de parceria. Serão as surpresas positivas que você lhe proporcionará, indo além do que ele imagina.

Como podemos surpreender positivamente nossos parceiros empresariais? Existem muitas formas, entre elas:

  1. Seja criativo em apresentar os resultados do projeto. Um relatório escrito é o mínimo que seu parceiro espera. Complemente-o com um vídeo de depoimentos ou uma visita pessoal ao projeto, que dizem muito mais ao coração.
  2. Voluntariado. Crie e ofereça oportunidades de voluntariado aos funcionários da empresa. Pesquisas mostram que os funcionários trabalham mais felizes em empresas que são socialmente responsáveis. O envolvimento dos voluntários com seu projeto solidificará sua relação com a empresa.
  3. Ofereça novas oportunidades de expansão do projeto. A cada renovação, apresente novos componentes ao seu projeto, que estejam conectados com as linhas estratégicas de investimento social da empresa. Escute e conheça bem seu parceiro, para que suas novas propostas estejam de acordo com o que ele quer.
  4. Crie possibilidades de networking para seu parceiro ampliar sua rede de contatos com outros parceiros de seus projetos, por exemplo, organizando um evento de agradecimento. As empresas gostam de se associar a causas de sucesso e somar esforços com outras empresas.
  5. Pense de quais maneiras você pode ajudar a empresa a divulgar seu apoio e associar sua marca ao projeto. Existem formas de fazer isso sem grandes investimentos em publicidade. Por exemplo, seus beneficiários do curso de reciclagem podem produzir os brindes de final de ano para a empresa.
  6. Seja pró-ativo. As empresas em geral estão envolvidas diariamente em muitos outros assuntos não relacionados ao seu projeto. Cabe a você dedicar tempo e ser propositivo em relação a ações que possam alavancar recursos e apoios. A empresa quer e gosta de participar; entretanto, não espere que ela traga propostas para melhorar seu projeto e a visibilidade da parceria.
Carla da Nóbrega:
Formada em administração de empresas, atua com captação de recursos há 15 anos. É coordenadora de mobilização de recursos do escritório regional para a América Latina e Caribe da ONG Habitat for Humanity International na Costa Rica e sócio-fundadora, primeira vice-presidente e atual conselheira da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).

domingo, 2 de maio de 2010

Nostalgia espetacular

As intenções que movem o mundo

Toda ação vem carregada por alguma intenção. Bem, podemos dizer que sim, mas nem todas as pessoas têm consciência da verdadeira intenção que as levaram a agir de uma forma ou de outra.

Mas, podemos concordar com o fato de que são as intenções que nos movem, nos motivam em direção à ação.

Dizem que de boas intenções o inferno está cheio. Se são boas ou não, não saberia dizer, mas o que posso especular é que sendo o fogo, o símbolo do inferno, e seu significado a transformação, no inferno a consciência das intenções não existe.

Assim, poderíamos dizer que a motivação no inferno seria o tridente do diabo afiado e prestes a espetar qualquer um da redondeza. Motivação esta que geraria a intenção do indivíduo de não ser atingido pelo tridente e não sofrer as penas de não agir de acordo com as ordens desse ambiente ‘tenebroso’.

Bom, mas o que quero dizer não é que céu e inferno existem e que se você não tem consciência das suas intenções, dos porquês você age, então vai para o inferno. Fique tranqüilo, eu não estou apta a designar tal destino.

Mas posso falar sobre como acredito que essa simbologia está representada na nossa rotina diária.

Basicamente, vejo duas formas de viver a vida: uma, buscando conhecer-se e aprimorar-se a cada dia como ser humano e assumindo o controle sobre as decisões possíveis, ou simplesmente aceitar aquilo que lhe é imposto, delegando o poder sobre sua vida aos outros.

A sociedade oriental caminha, em geral, seguindo a primeira forma e, a ocidental, a segunda. Podemos dizer que no Brasil, a segunda prevalece, sendo assim manifestada nas mais diversas esferas sociais e culturais.

Nosso sistema educacional, que nos prepara para atuarmos como ‘cidadãos’ nas diversas esferas sociais, tem como alicerce uma estrutura de ação-culpa-punição ou ação-mérito-recompensa. Isso significa que se implanta internamente (já na criança) uma figura de autoridade – representada durante a vida pelas instituições da Escola, Família ou Igreja – que vai avaliar sua ação como culpável ou passível de mérito. E essa figura ganha credibilidade à medida que a autoridade que a está implantando cria condicionamentos de recompensa ou punição para cada ação que o indivíduo executa ao longo da vida.

Esse sistema, é claro, tem o objetivo de limitar nossas ações àquelas que interessam aos que, nas circunstâncias, têm mais poder – mais dinheiro, mais acesso ao conhecimento, mais influência sobre as pessoas etc. E, dessa forma, passamos a não ter que avaliar nossas intenções para decidir por uma ação. Apenas avaliamos as experiências anteriores e se fomos recompensados ou punidos e repetimos ou não o mesmo tipo de ação.

Assim, nos distanciamos cada vez de nós mesmos, vivendo conforme a intenção do outro, que continua criando sistemas para manter nosso condicionamento civilizado.

Então, chegamos à seguinte conclusão: o inferno – seja ele sob a visão dos cristãos ou outra – é necessário à transformação daqueles que não se despertaram para a possibilidade de consequências negativas para ações bem recompensadas ou consequências positivas de ações punidas.


Consideremos o termo “inferno” como representação da transformação pela dor, pelo fogo que queima e transforma. E este não é o fogo da chama interna que se ascende no ser humano que expande sua consciência e alguns dizem “ilumina-se”, mas da chama externa, sobre a qual o indivíduo não tem controle e contra a qual não pode lutar, porque nem sabe o que está causando a dor.

Sendo assim, quando você não sabe qual sua intenção sobre a ação que tomou ou toma com frequência ou tomará, certamente é a intenção de outro que está movendo sua vida. Ou seja, sejam boas ou más intenções, sendo suas ou não, sem intenção não há motivação, e sem essa, não há ação, sem ação não há trabalho e, portanto, não há transformação. Assim, a intenção é o que move o mundo. Diante disto, basta você decidir se vai assumir a direção ou vai deixar que amarrem linhas invisíveis em seus braços, pernas e pescoço, balançando para um lado e outro, para cima e para baixo.