terça-feira, 6 de outubro de 2015

Administração emocional: a química das emoções e o circuito do prazer


Ilustração: Jurema Sampaio - Artista Plástica/Designer/WebDesigner
Fonte da imagem: https://williamcarvalhoamaral.wordpress.com/tag/circuito-do-prazer/

Ainda somos animais, apesar de dotados de razão. Como, em geral, não somos educados para administrar nossas emoções é preciso que conheçamos como este sistema funciona para que possamos atuar sobre ele, conscientemente. O fisicista Argos de Arruda Pinto[1] esclarece a química das emoções:
Os neurônios são células cerebrais constituintes do sistema nervoso. Para um impulso nervoso se deslocar de um neurônio a outro – a sinapse – faz-se necessário a presença entre eles de substâncias chamadas neurotransmissoras. Nesse processo podem ocorrer reflexos para determinadas regiões de nosso corpo, onde temos a sensação de que o que sentimos é produzido no próprio local. Um aperto em nosso peito devido a uma paixão levava os antigos a acharem que a sede de nossos sentimentos amorosos era no coração...

A depressão caracteriza-se por uma baixa atividade neuronal devido à falta de substâncias desse tipo, como, por exemplo, a serotonina. O ansiolítico atua aumentando o efeito de neurotransmissores inibitórios da resposta nervosa, como o ácido gama-aminobutírico - GABA. A ansiedade, então, grosso modo, é um estado emocional no qual os neurônios têm suas atividades exageradas.

Tudo isso é bem conhecido entre os médicos e pouco pelo público. Poucas são as reportagens, livros ou informações, relacionando toda essa química aos nossos sentimentos. Os cientistas, já há décadas, vêm descobrindo e utilizando para o nosso bem, na forma de medicamentos, as interligações entre neurotransmissores, condução nervosa, sentimentos e emoções. Estes dois últimos seriam produzidos no cérebro devido a estímulos internos ou externos, visando a perpetuação da espécie segundo a Teoria da Evolução de Darwin. Não formaríamos famílias, sociedades, etc., se não fosse a imensa variedade de sentimentos a que nos pertencem, formando poderosos vínculos entre nós e nossos semelhantes. Como apenas um exemplo, o amor e o afeto, e consequentemente a dedicação dos pais com os filhos, mostra de maneira clara esse elo de ligação entre eles.

O circuito do prazer
Segundo a descrição de Luiz Fernando Garcia, em seu livro O cérebro de alta performance, “o prazer é o que leva os seres humanos, desde a fase embrionária, a buscar experiências que farão seu cérebro estabelecer as ligações corretas para sua sobrevivência”. No entanto, se não aprendermos a administrar a estrutura que recria as sensações de prazer, podemos desenvolver uma compulsão e transformar os prazeres em urgências, invés de usá-los como ferramentas para a evolução.
Nossa proposta é usar o prazer não apenas para sobreviver, mas para viver da melhor maneira possível.
A percepção da realidade e atuação sobre ela depende, e muito, de como nos sentimos em relação ao que nossos sentidos captam. Segundo Joe Dispenza, “as emoções servem para reforçar quimicamente algo em nossa memória de longo prazo”.
Assim, nossa percepção da dor ou do prazer dependerá dos registros da nossa memória e, esses, dependerão de como vivemos aquela experiência passada.

Aline Daher
aline.vsdaher@gmail.com 




[1] http://www.cerebromente.org.br/n12/opiniao/sentimentos.html

sábado, 3 de outubro de 2015

Administrar o excesso de informações

A era da informação alimenta uma civilização ansiosa

Imagem: https://www.linkedin.com/pulse/como-lidar-com-o-excesso-de-informações-gerenciamento-carlos-magno

Todo ser tem um limite de informações que consegue processar, assim como é limitada a quantidade de água e alimento que conseguimos ingerir sem prejuízos para nossa saúde e integridade.
O fato é que a quantidade de informação disponível e as formas de acessá-la, aumentou muito, e continua aumentando. E não fomos e, continuamos não sendo, capazes de administrar esta enxurrada de dados sobre tudo.
Mais do que isso, existe uma coerção social, velada ou explícita, para que estejamos sempre atualizados e disponíveis a receber, acessar e enviar informação. Nathan Shedroff em seu artigo Formas de ansiedade de informação, afirma o seguinte:
Recebemos poucos recursos para lidar com a ideia generalizada, mas equivocada, de que quanto mais uma pessoa sabe, mais vantagens ela obtém e melhor ela será. Só alguém com muita personalidade consegue contrariar a supremacia deste requisito cultural tácito da cidadania pós-1900.
E Shedroff conclui:
Para terminar, a ansiedade de informação tem a ver com a maneira de nos relacionarmos com os dados à nossa volta. É algo pessoal.

Como tudo na vida, precisamos dedicar tempo e atenção a como lidamos com esse volume expressivo de dados, assim como administramos a quantidade de dinheiro que ganhamos e o volume de energia disponível para todas as atividades que planejamos.