terça-feira, 29 de setembro de 2015

Descontração e alta performance

Abaixo, você vai encontrar um artigo que dá início a um estudo que fiz sobre os dois temas descritos no título acima!

Espero que aprecie a leitura!

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Fonte da foto: http://www.hrportugal.pt/wp-content/uploads/2011/11/bicicleta.jpg

Inicialmente, você pode estar se perguntando onde os conceitos de alta performance e descontração se cruzam. E foi justamente este desafio que me levou a escrever sobre o tema.

O termo alta performance rapidamente nos faz pensar sobre pessoas bem sucedidas. Entretanto, o sucesso reconhecido em nossa sociedade, normalmente, fica restrito ao âmbito profissional. Porém, alguém que tenha fracassado num relacionamento afetivo, por exemplo, pode ser uma pessoa de baixa autoestima e, muitas vezes, a frustração pode levar até o mais bem sucedido executivo a ser um gênio indomável, incapaz de estabelecer relações saudáveis e, ainda, tornando-se mais propenso a doenças. Algo similar pode ocorrer com quem não tenha boa performance nos seus momentos de descanso, fundamentais para recuperar a energia necessária para viver bem e por mais tempo possível.

Ao longo dos séculos, a humanidade viveu períodos de tensão, estresse crônico, epidemias, guerras; fatores que não são apenas característicos da sociedade moderna, mas que acompanham a evolução das espécies, desde a primeira célula.

A tensão, o atrito, o estresse, isso tudo é necessário para que haja evolução, transformação, movimento. Costumamos avaliar aqueles primeiros conceitos como negativos, mas, em determinada proporção, são extremamente necessários para que haja vida, interação e realização.

Vamos nos ater, aqui, logicamente, à espécie humana.

Assim como a tensão e a contração são necessárias ao movimento e à evolução, também o é a descontração. Basta pensar sobre nossa própria musculatura, que move nosso esqueleto. Se esta ficar sempre contraída, viraremos uma estátua, rígida, imóvel. E, se ficar sempre descontraída, também tenderemos à inércia. Assim, a oposição entre contrair e descontrair é o que nos permite evoluir.

Esclarecido isso, devo aprofundar-me no outro conceito do tema proposto: a alta performance.

Podemos definir esta qualidade como aquela que leva o indivíduo a atingir seu melhor desempenho em tudo o que faz, considerando todos os seus aspectos: físico, emocional e intelectual.

Obviamente, se o indivíduo se dedicar mais a uma atividade do que a outra: por exemplo, um atleta que, geralmente, tem melhor desempenho físico do que intelectual, normalmente, teremos uma hipertrofia de um aspecto em relação aos demais. No entanto, se um atleta consegue usar sua intelectualidade, sua capacidade criativa, imaginativa, associativa, memória etc. em prol da atividade física, certamente ele se destacará dos demais. E, mais do que isso, se ele tiver a habilidade de gerenciar suas emoções, usando a emoção correta para estimular seu melhor desempenho mental e físico, bem, nesta categoria certamente poderemos classificar os maiores atletas ao longo da história da humanidade.

O mesmo se aplica a alguém que queira conquistar seu melhor desempenho numa função administrativa, corporativa, acadêmica, artística etc., ou seja, ter alta performance intelectual e criativa. Neste caso, é o desenvolvimento corporal que o destacará dos demais. Por isso, tantos executivos renomados, em sua maioria, praticam esportes e outras atividades similares. Afinal, nossa saúde e estabilidade físicas são fundamentais para que possamos nos dedicar a uma atividade intelectual, artística etc.

E, é importante dizer que, apesar de definidos como racionais, ainda somos animais, dotados e movidos por emoções. E, por estar, nossa civilização, até então, sob a égide do Ocidente (isso vem mudando, recentemente), somos influenciados pela filosofia cartesiana (que enfatiza o uso da razão) e, em virtude disto, não nos ensinam a lidar e administrar nossas emoções a ponto de usá-las a favor daquilo que queremos realizar. Nosso sistema educacional, inclusive, começa a dar pequenos sinais de mudança, com algumas iniciativas isoladas, que propõe a educação da criança de maneira integral. Mas esta mudança é claramente ainda muito tímida.

Nessa perspectiva, a alta performance depende de todos esses aspectos, aplicados simultaneamente.
E, então, você vai se perguntar, mais uma vez, em que ponto se cruzam descontração e alta performance. Se considerarmos um ser humano que tem boa consciência corporal, boa autoestima, bons relacionamentos, bom desempenho intelectual e profissional, certamente, esta pessoa conseguiu conquistar um patamar de estabilidade, em que sabe os limites do seu metabolismo, do seu conhecimento intelectual e da sua maturidade emocional, sendo capaz de administrar cada um desses fatores, para que sempre extraia o melhor resultado.

Neste exemplo, este indivíduo seguramente sabe como administrar sua tensão, estresse, raiva e agressividade para realizar mais e, assim, após atingir o resultado desejado e planejado, consegue descontrair. É como funcionam os ciclos da Natureza, inclusive no homem: todos precisamos de um período de descanso – físico, principalmente, mas também emocional e mental, com o intuito de, ao retornar, tornar-se ainda mais produtivo, cheio de vitalidade e capacidade de realização.

Uma pessoa que tenha estresse crônico, tensão constante, terá um nível de vitalidade baixo, pelo desgaste causado por excesso de contração muscular e a liberação de substâncias que contribuem para o envelhecimento das células e mau funcionamento dos sistemas orgânicos. E, portanto, vai oscilar entre a depressão e a ansiedade ou euforia, estados em que nossa produtividade cai muito e, assim, nossa capacidade de nos aprimorar também.


Por fim, concluímos que a alta performance exige mudanças e evolução constante e, para tanto, é necessário que aprendamos a descontrair no momento certo e na quantidade precisa para continuarmos aprendendo e estimulando ações realizadoras, uma vida com sentido e propósito, ao invés de fazer do seu dia a dia uma sequência de tarefas triviais.

Aline Daher
aline.vsdaher@gmail.com