Tomo a liberdade de citar um sútra – ou mensagem – de Pátañjali, codificador do Yôga Clássico, quem se acredita ter vivido por volta do séc. III a.C, período clássico da Índia:
“A serenidade da consciência é obtida mediante o cultivo da amizade, compaixão, alegria e indiferença, respectivamente aos que são felizes, infelizes, bons e maus”.
(retirado de Yôga Sútra de Pátañjali, autor da transliteração: DeRose)
Você deve estar pensando: e o que este sútra tem a ver com o 11 de setembro?
Quando presencio, repetidamente, ano após ano, os governos e a mídia colocarem em evidência o ocorrido em 11 de setembro de 2001, seja em âmbito mundial, seja em âmbito municipal, quando se trata da cidade de Campinas-SP (quem mora aí sabe do que estou falando), sinto-me incomodada.
Eu não quero julgar se as pessoas que morreram naquele dia merecem ou não ser lembradas, apenas entendo que devemos, como citou Pátañjali na mensagem acima, ser “indiferentes aos maus”. Quando esta autoridade para a filosofia do Yôga na Índia promulgou esta afirmação, ele tinha plena consciência do poder do reforço da memória, tanto para o bem quanto para o mal. Quando nos dispomos a lembrar daqueles que se foram naquela data, somos impelidos, obrigados como indivíduos, ou como mídia, a trazer à tona tudo o que ocorreu e o sentimento agregado aos fatos.
E este processo nada tem de construtivo. A sociedade se reúne para sofrer, invés de utilizar esta energia para construir algo bom e necessário.
Deveríamos ser indiferentes, porque quando damos importância a algo ruim, aos maus, sejam pessoas ou fatos, deixamos de valorizar os bons e o bem. Nós nos apegamos às pessoas que não voltam e à realidade que passou. Criamos um mito no sentido original, dispendendo tempo, dinheiro e outras energias para “celebrar”, reviver uma circunstância. E isso reforça os sentimentos de raiva, de tristeza, de decepção, de vingança e outros, que tenham surgido naquela data. As pessoas revivem, ano a ano, essas emoções e, embora haja exceções, muitas delas se aprisionam nesta emocionalidade e cultivam esta melancolia.
Devemos sim lembrar os que se foram, mas não importa o “como se foram” (sempre haverá um “como”), importa o que eles deixaram como legado, que seja promissor para aqueles que ficaram. Importa o que de bom e de feliz pode ser recordado como forma promover a felicidade dos que ainda vivem.
E a mídia não precisa tornar esta lembrança – que seria particular de cada indivíduo envolvido no acontecimento de alguma forma – em lembrança coletiva. O fato em si já teve impacto de grandes proporções na vida de toda a sociedade moderna, na história desta civilização. No entanto, não precisamos reviver e cultivar sentimentos tão pouco nobres, que minam nossas realizações e saúde.
Quando uma circunstância é revivida muitas vezes ela se torna um “mito”, e o mito nada mais é do que uma referência de comportamento, de atitudes, de formas de viver e de se relacionar. É a partir dele que se criam os arquétipos, ou modelos de ação, para toda a humanidade, presente ou futura. (Leia mais sobre isso em “Os arquétipos e o insconciente coletivo”, de Carl Jung, Ed. Vozes).
Portanto, proponho que revivamos momentos felizes e bons, conscientemente, mais do que momentos ruins e infelizes. Para que nossas referências, nossos arquétipos – que geram nossas ações impulsivas – possam promover cada vez mais, nos ambientes em que frequentamos e vivemos, alegria, felicidade, saúde, satisfação, bem-estar, tranquilidade etc.
Parece idealismo, mas escolher o que vamos pensar e lembrar, é tão simples quanto o nosso escovar os dentes do dia após dia, segue os princípios da vontade e da repetição.
Aline Daher
“A serenidade da consciência é obtida mediante o cultivo da amizade, compaixão, alegria e indiferença, respectivamente aos que são felizes, infelizes, bons e maus”.
(retirado de Yôga Sútra de Pátañjali, autor da transliteração: DeRose)
Você deve estar pensando: e o que este sútra tem a ver com o 11 de setembro?
Quando presencio, repetidamente, ano após ano, os governos e a mídia colocarem em evidência o ocorrido em 11 de setembro de 2001, seja em âmbito mundial, seja em âmbito municipal, quando se trata da cidade de Campinas-SP (quem mora aí sabe do que estou falando), sinto-me incomodada.
Eu não quero julgar se as pessoas que morreram naquele dia merecem ou não ser lembradas, apenas entendo que devemos, como citou Pátañjali na mensagem acima, ser “indiferentes aos maus”. Quando esta autoridade para a filosofia do Yôga na Índia promulgou esta afirmação, ele tinha plena consciência do poder do reforço da memória, tanto para o bem quanto para o mal. Quando nos dispomos a lembrar daqueles que se foram naquela data, somos impelidos, obrigados como indivíduos, ou como mídia, a trazer à tona tudo o que ocorreu e o sentimento agregado aos fatos.
E este processo nada tem de construtivo. A sociedade se reúne para sofrer, invés de utilizar esta energia para construir algo bom e necessário.
Deveríamos ser indiferentes, porque quando damos importância a algo ruim, aos maus, sejam pessoas ou fatos, deixamos de valorizar os bons e o bem. Nós nos apegamos às pessoas que não voltam e à realidade que passou. Criamos um mito no sentido original, dispendendo tempo, dinheiro e outras energias para “celebrar”, reviver uma circunstância. E isso reforça os sentimentos de raiva, de tristeza, de decepção, de vingança e outros, que tenham surgido naquela data. As pessoas revivem, ano a ano, essas emoções e, embora haja exceções, muitas delas se aprisionam nesta emocionalidade e cultivam esta melancolia.
Devemos sim lembrar os que se foram, mas não importa o “como se foram” (sempre haverá um “como”), importa o que eles deixaram como legado, que seja promissor para aqueles que ficaram. Importa o que de bom e de feliz pode ser recordado como forma promover a felicidade dos que ainda vivem.
E a mídia não precisa tornar esta lembrança – que seria particular de cada indivíduo envolvido no acontecimento de alguma forma – em lembrança coletiva. O fato em si já teve impacto de grandes proporções na vida de toda a sociedade moderna, na história desta civilização. No entanto, não precisamos reviver e cultivar sentimentos tão pouco nobres, que minam nossas realizações e saúde.
Quando uma circunstância é revivida muitas vezes ela se torna um “mito”, e o mito nada mais é do que uma referência de comportamento, de atitudes, de formas de viver e de se relacionar. É a partir dele que se criam os arquétipos, ou modelos de ação, para toda a humanidade, presente ou futura. (Leia mais sobre isso em “Os arquétipos e o insconciente coletivo”, de Carl Jung, Ed. Vozes).
Portanto, proponho que revivamos momentos felizes e bons, conscientemente, mais do que momentos ruins e infelizes. Para que nossas referências, nossos arquétipos – que geram nossas ações impulsivas – possam promover cada vez mais, nos ambientes em que frequentamos e vivemos, alegria, felicidade, saúde, satisfação, bem-estar, tranquilidade etc.
Parece idealismo, mas escolher o que vamos pensar e lembrar, é tão simples quanto o nosso escovar os dentes do dia após dia, segue os princípios da vontade e da repetição.
Aline Daher
Muito bom o texto, minha irmã. Para mim este dia tem outro significado e traz outras memórias, como sabe, mas mesmo assim, acho muito mais válida e útil sua visão sobre o mesmo. Valeu!
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