sábado, 24 de abril de 2010

a criança que há em mim

Por vezes, me dou o direito de desenhar livremente florzinhas, menininhas, menininhos, cachorrinhos e borboletinhas.

É quando me encontro com a ingenuidade da criança que ainda mora em mim. Aquela que olha para o mundo com olhos tão puros e reconhece na natureza toda a beleza que o universo pode manifestar em cores, formas e sons.

Sinto como se me libertasse da ótica dura pela qual nos faz ver o mundo os meios de comunicação, a política, entre outros sistemas sociais frutos da racionalidade humana, que tornam obscura a visão de qualquer um que busca inserção, reconhecimento social e afeto, na sociedade de hoje.

A criança se emociona na descoberta de que seu traço, feito com as mãos e um objeto chamado lápis, pode criar – ainda que inerte – aquela bela flor ou aquele lindo bichinho que voa colorindo os ares. Os olhos da criança, com a qual me encontro, podem ver além da 2ª dimensão desenhada no papel. Ela vê o mundo feito com suas próprias mãos. É a onipotência inconsciente de uma mente que vive intensamente cada nova forma, cor e movimento, som e melodia, perfume e aroma. A vida ganha mais sabor.

Essa criança é parte integrante do adulto. Porque é nela que mora a sensibilidade do homem. É com ela que os sentidos ‘falam’ por si, sem uma racionalização, sem a certeza, sem a necessidade dela. E essa aparente fantasia é a mais pura verdade absoluta, porque neste momento de êxtase com a criação não há o que negue sua realidade.

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