sábado, 17 de janeiro de 2009

Meu refúgio: nº 1


É como se o astro houvesse se transformado em sol. O calor na Terra é imenso e o tempo do relógio perdeu-se. Não sei mais que horas são e me encontro, perdida, na imensidão deste mundo sem tempos nem espaços diferentes.

Estou em um imenso deserto e a vida existe apenas em minha mente.

Fico me questionando se não foi sempre assim. Se não passei cada segundo contado no relógio como alguém que nunca existiu para o mundo mas inventou a si mesmo e a tudo à sua volta.

Questiono a existência até do tempo que, agora, onde tudo é igual e estático, tudo parece permanecer numa inércia constante e sem graça.

Que seria do passado, do mundo que existe, se não fosse o movimento. Em verdade, a vida só tem valor porque há a morte.

A morte no sentido da mudança, da não-inércia, da diferença de espaços e da contagem do tempo.

Olho a areia e sou areia. Que outra oportunidade deslumbrante como esta eu teria se não fosse essa inércia.

Uma inércia contemplada pelo conceito contemporâneo que a física quântica proporciona. Um nanomovimento, invisível aos sentidos, mas essenciais. Uma vibração constante que permeia todos os corpos, mas que nem sempre manifesta-se no macrocosmo.

Quando eu poderia meditar com tal facilidade se não me encontrasse aqui, sob este sol alucinante que me cega a vista e esta areia infinita que toca o céu no horizonte.

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