sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O que dissemina ou contamina mais rápido?

A dúvida que me coloquei hoje depois de receber inúmeros e-mails sobre a gripe suína foi:

O que dissemina mais rápido? O vírus da H1N1 nova ou os e-mails de Forward que tratam de seus mais infinitos males e fatalidades?

E não cheguei a uma resposta numérica ou lógica, mas a uma nova pergunta: o que mata mais? Vírus de gripe ou informação transmitida sem responsabilidade e compromisso?

A nossa mente é muito mais poderosa do que muitos acreditam que ela seja. E ela funciona por meio de associações de imagens, emoções, modelos de comportamento, conceitos, informações, dados. Para a maioria da população mundial, a emoção domina a razão, no sentido de que a paixão e o medo direcionam suas ações muito mais do que a lógica racional - da compreensão da conexão que existe entre as coisas, pessoas, espaço e tempo...

Este domínio da paixão e do medo são os responsáveis para que as pessoas disseminem uma informação, seja de onde for, porque ela revela uma ameaça á sobrevivência da espécie. Novamente, esquecemos que vivemos numa ecologia e que a raça humana não está fora dos ciclos de vida e morte. Construímos nossas vidas sob parâmetros chamados civilizados, mas há muitos que cultuam a verdadeira barbárie justificada por argumentos fortemente embasados em normas e regras desta sociedade. É um ciclo sem fim.

É importante dizer que existem pesquisas em países, principalmente da Europa, que revelaram a influência de notícias publicadas nos jornais sobre suicídio no aumento deste tipo de morte.

Precisamos nos cuidar? Nos proteger? Garantir a sobrevivência da espécie? Sim. Mas além de nos proteger dos vírus e bactérias e outros seres que podem ameaçar nossas vidas, temos que nos proteger de informação descompromissada com a saúde física e mental do homem, de informação desnecessária ou que apenas faça crescer o medo, o isolamento e, até mesmo, a crença de que estamos doentes, e a visão catastrófica do apocalipse.

Às vezes, tenho a impressão de que para alguns esta visão é reconfortante, porque se tudo acaba ao mesmo tempo, não há nada a se perder. Quanto egoísmo! Se pensássemos que não somos donos de nada, também não precisaríamos viver com medo de perder.

A imagem aterradora que estas informações criam na mente das pessoas é suficiente para alguns ficarem como 'Raul' - "com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar".

As informações não podem ser aceitas sem um contexto, sem uma fonte de confiança, sem comparações, sem meios que nos permitam fazer associações e compreendê-la de verdade. De que adianta a alguém receber a informação de que pode ficar doente ou de que pode morrer - isso todo mundo sabe. Informação importante é aquela que nos permite tomar alguma atitude, uma atitude positiva e não destrutiva.

Mas a verdade é que: o que se pode esperar de cidadãos comuns/usuários de e-mails pessoais, se empresas e profissionais da comunicação muitas vezes não são sensatos o suficiente para saber quais informação transmitir e quais não.

O que me consola é o fato de que momentos de crise e fragilidade são oportunidades sem igual para refletirmos e reestruturarmos nossa vida, nossos objetivos, nossa missão...tudo. E sempre existem alternativas. Cabe a nós escolher se vamos nos deixar contaminar.

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