A palavra consciência pode significar "com ciência", ou seja, "com conhecimento", "estar ciente de".
No meu entender, temos consciência por meio da relação entre nossas percepções, nossos sentidos, que recebem estímulos com significado diante da série de informações que já temos armazenadas - por memória - e às quais estas informações novas selecionadas associam-se. As nossas percepções se delimitam por nossas experiências anteriores, nossa genética, nossas crenças, regras, princípios, valores, que norteiam nosso comportamento, nossos hábitos, nossa opinião e escolhas diárias.
E, além disso, em condições normais de saúde física e mental, temos consciência de que somos conscientes ou inconscientes em relação a questões e momentos específicos.
Os estudos da consciência, pelas mais diversas correntes da medicina e psicologia, entre outras ciências, certas vezes promovem mais dúvidas do que esclarecimentos para nós leigos, mas é sempre prazeroso tomar conhecimento de uma nova descoberta da neurologia.
Veja matéria abaixo publicada pela FAPESP.
Sinais conscientes
Agência FAPESP – Um estudo feito por um grupo de cientistas da Argentina e do Reino Unido indicou que algumas pessoas em estado vegetativo ou de consciência mínima são capazes de aprender e, portanto, de demonstrar pelo menos uma consciência parcial.
A primeira comprovação do gênero, que abre novo caminho para futuras terapias de reabilitação, está em artigo publicado neste domingo (20/9) no site da revistaNature Neuroscience.
Ao estabelecer que tais pacientes são capazes de aprender, os autores do estudo apontam que o método que utilizaram poderá ser usado para verificar o estado de consciência sem precisar recorrer a métodos de obtenção de imagens, como tomografias computadorizadas.
A pesquisa foi feita por cientistas da Universidade de Buenos Aires e do Instituto de Neurologia Cognitiva, na Argentina, e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Com uso do método clássico de condicionamento pavloviano, os pesquisadores emitiam um tom sonoro e imediatamente ativavam um aparelho que soprava ar nos olhos dos pacientes. Depois de um período de treinamento, os pacientes começaram a piscar assim que o tom era emitido, mas antes de o ar chegar a seus olhos.
Os autores destacam que esse processo de aprendizagem exige consciência da relação entre estímulos – o tom precede e prevê o ar no olho. O mesmo tipo de aprendizagem não foi verificado em exames dos pacientes do grupo controle, composto por voluntários anestesiados.
Os pesquisadores apontam que o fato de os pacientes serem capazes de aprender associações indica que eles podem formar memórias e eventualmente se beneficiar da reabilitação.
“Esperamos que esse método se torne uma ferramenta útil e simples para o teste de consciência sem a necessidade de exames de imagens. Além disso, nossa pesquisa sugere que, se o paciente mostra capacidade de aprender, ele poderá atingir algum tipo de recuperação”, disse Tristan Bekinschtein, da Universidade de Cambridge, primeiro autor do estudo.
O artigo Classical conditioning in the vegetative and minimally conscious state, de Tristan Bekinschtein e outros, pode ser lido por assinantes da Nature Neuroscience em www.nature.com/neuro.
Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/materia/11096/sinais-conscientes.htm