quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Mensagem de ANO NOVO: por que precisamos do fim? E do começo?



Se pudéssemos olhar nossas vidas, a anos-luz de distância da Terra, perceberíamos que o início e o fim nada mais são do que formas de enquadrar a realidade em nossa percepção lógica do mundo. Que o pôr-do-Sol, por exemplo, não tem fim, e que esta estrela apenas deixa de ser visível a determinado continente, a partir de um momento específico, devido aos movimentos de rotação e translação terrestres.

No entanto, ainda que sem nossa mente lógica, o início e o fim não existam de maneira tão precisa, dependemos deles para delimitar nossa realidade e não enlouquecermos com o caos em que a Natureza se ordena.

O fim de um ano e o início de outro, a organização do calendário, permite-nos manter determinada clareza e viabiliza nossa comunicação e convivência com o outro, numa civilização construída sob este sistema de segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses etc.

E, apesar de gostar dessas discussões filosóficas, gosto de ser prática e pensar em como aproveitar esta organização pré-definida da melhor maneira possível. E, ainda, fazer desses momentos de fim e de início, e de entusiasmo pelo novo (embora construído), oportunidades para melhorar aquilo que já faço, já vivo, e transformar o que for necessário para realizar, cada dia mais, o que considero essencial à minha satisfação e existência.

Por isso, convido você a pensar sobre algumas questões que podem ser fundamentais para um 2016 esplêndido:

·  Do que são feitos os teus dias?
·      Quais são os melhores momentos do seu dia para você?
·      O que você pode fazer para que esses momentos ocupem a maior parte do dia, caso isso ainda não aconteça?
·      Quais são as dificuldades que você enfrenta e como você pode superá-las ou eliminá-las?
·      Como você imagina que estará no final de 2016 se continuar fazendo tudo exatamente como já faz?
·      Este futuro que imagina é o que você deseja?
·      Se não, imagine como você gostaria de chegar ao final de 2016!
·      O que você precisa mudar para que esta imagem mental se torne real?
·      O que você pode fazer para começar esta mudança, tão logo termine de ler este texto?
·      Você sabia que a percepção do que vive todos os dias é construída por você mesmo?
·      Que esta percepção é tão ou mais importante do que a chamada realidade em si?
·      Que tudo o que você precisa fazer, na maioria das vezes, é mudar a percepção sobre o que vive e, nem sempre, escolher outras circunstâncias?
·      Que sua imaginação serve, principalmente, como o papel em branco em que o engenheiro ou arquiteto desenha seu projeto?
·      Que tudo o que você pensa influencia a maneira como você percebe o mundo, suas ações, suas palavras e, reforçam ou transformam seu comportamento?
·      E que tomar consciência disso é uma das coisas mais dolorosas e, ao mesmo tempo, mais libertadoras que existem?

Assim como a criança imagina histórias mirabolantes, você pode criar tudo o que desejar, mentalmente, e se conduzir por um caminho que te leve não a um lugar específico, mas ao teu lugar no mundo, àquele em que você consegue extrair muita satisfação, alegria e onde se sente realizado.

Mas, importante é lembrar que o projeto precisa sair do papel! Ou da mente! E nosso corpo é a ferramenta para tornar real o que foi planejado.

Que você encontre seu lugar no mundo! Ou que pelo menos, se já o encontrou, que possa cuidar para que ele possa melhorar sempre!

Afinal, como já dizia um famoso poeta do século XX (Lulu Santos): "Tudo muda o tempo todo no mundo!". E, quando você menos esperar, o início do ano se tornou fim e todo o entusiasmo para mudar aquilo que você sabe que precisa foi atropelado pelas tarefas do dia a dia!

Que você tenha lucidez, garra, entusiasmo, sabedoria, amor, dedicação e muitos amigos para realizar e celebrar mais em 2016!




terça-feira, 17 de novembro de 2015

Dos paradigmas, das mudanças e do propósito da sua existência


Os paradigmas são formatados de acordo com nossa hereditariedade, experiências pessoais, contexto e cultura em que nos inserimos, e sob influência dos arquétipos que temos como referência. Normalmente, são construídos involuntariamente e se tornam parte do nosso modus operandi como indivíduos e, por consequência, como sociedade.
Podemos dizer que um paradigma são as lentes através das quais vemos a vida e a realidade. Normalmente, não os questionamos ou mesmo tomamos consciência deles. Sendo assim, a maioria de nós constrói este sistema de crenças e valores de maneira inconsciente e, normalmente, nós os tornamos verdades absolutas.
Quando isso acontece, eles podem se tornar ameaças à possibilidade de mudança e, consequentemente, de evolução e aprimoramento. Podemos defini-los como as zonas de conforto – físico, emocional e mental, onde a lógica que criamos internamente torna-se intocável, o corpo, inerte ou as emoções, pálidas. Entramos num mecanicismo, realizando tarefas, sem enxergar o grande cenário em que elas se inserem e ignorando as consequências de ficar inerte. “A natureza nos mostra claramente que ou você está vivo e crescendo, ou está morrendo, morto, ou declinando.”[1]
Diante disto, percebemos que se não buscamos nos autossuperar, crescer, evoluir, melhorar nosso desempenho sempre, vamos definhar, ainda que aos poucos. Existe uma pressão clara para a mudança e, paradoxalmente, uma resistência a ela. Cada vez mais se reduzem os períodos de estabilidade e se aproximam os momentos de transição. As mudanças vêm na velocidade da luz, exigindo que as acompanhemos. E isso gera uma ansiedade extrema.
Por isso, precisamos estar sim atualizados, mas saber priorizar o que realmente importa, mantendo o que poderíamos chamar de o fio da meada, sem perder o que gera estabilidade, o propósito maior da nossa existência. E esta prioridade só pode ser estabelecida quando nos conhecemos bem e sabemos onde queremos chegar, independentemente de herança genética, cultura, mudanças climáticas etc.
Precisamos saber do que somos constituídos e do que influencia nossas escolhas, nossas decisões, para assumir a responsabilidade de mudar.

Aline Daher
aline.vsdaher@gmail.com

*Fonte da foto: http://revistaatitude.com.br/site/recursos-humanos/o-que-e-e-como-descobrir-nossa-missao-de-vida/



[1] Citação do livro O monge e o executivo, James C. Hunter, 2004, p.47.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Desafios constantes como estímulo à alta performance











Foto reproduzida de: http://www.sbie.com.br/transforme-os-seus-problemas-em-desafios

O processo evolutivo é repleto de desafios. Se não fosse assim, logo que ficássemos em pé a primeira vez, sairíamos caminhando sem dificuldades; a primeira vez que nos alimentássemos sozinhos, não faríamos sujeira; quando pegássemos pela primeira vez numa escova de dentes, deixaríamos nossos dentes brilhando sem nos machucar. Porém, não é assim que acontece. E, ano após ano, os desafios tendem a aumentar de proporção.
Mas, o que é um desafio?
Luiz Fernando Garcia os descreve assim:
Podemos chamar de desafio quando alguma coisa consegue causar tensão emocional o suficiente para construir novas sinapses e caminhos dentro de nós. O medo é a matéria-prima da atenção, e no momento do desafio não se sente prazer nenhum, ele só virá, com toda a força, quando tudo estiver cumprido.
Esta vitória do desafio é o que nos estimula a repetir a ação, ainda que arriscada, e a querer continuar nos superando. De acordo com o Professor DeRose, considerando nosso aspecto animal,
temos nossos instintos de luta, os quais compreendem dispositivos de incentivo e recompensa pela sensação emocional e mesmo fisiológica de satisfação cada vez que vencemos, quer pela luta, quer pela fuga (a fuga também é uma forma de vitória, já que o animal conseguiu vencer na corrida ou na estratégia de fuga; e seu predador foi derrotado, uma vez que não o conseguiu alcançar).
Dessa forma, o indivíduo sempre terá estímulo para continuar lutando, ou seja, exercendo um esforço sobre si mesmo, para vencer novos desafios. Como Garcia descreve:
[…] ao aceitar desafios constantes, estimulando o cérebro para que se movimente a fim de superá-los e assim obter a recompensa esperada, deixamos de ser tarefeiros para nos tornar realizadores e exploramos ao máximo nossa capacidade de produzir resultados para nossa vida e para os demais.
A alta performance, portanto, só virá com superação constante e, para isso, precisaremos nos expor a desafios, que irão gerar tensão e estresse. E para garantir que esta tensão seja apenas a necessária e não excessiva a ponto de colocar em risco a integridade do indivíduo, aprender a descontrair e a administrar e reprogramar o emocional, será imprescindível. Mas este já é um tema para outro artigo.
Referências:
DeRose. Karma e Dharma – transforme a sua vida, 1ª Ed., São Paulo: Ed. Nobel, 2007.
Garcia, Luiz Fernando. O cérebro de alta performance: como orientar seu cérebro para resultados e aproveitar todo o seu potencial de realização. São Paulo: Editora Gente, 2013.


Aline Daher
aline.vsdaher@gmail.com


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Administração emocional: a química das emoções e o circuito do prazer


Ilustração: Jurema Sampaio - Artista Plástica/Designer/WebDesigner
Fonte da imagem: https://williamcarvalhoamaral.wordpress.com/tag/circuito-do-prazer/

Ainda somos animais, apesar de dotados de razão. Como, em geral, não somos educados para administrar nossas emoções é preciso que conheçamos como este sistema funciona para que possamos atuar sobre ele, conscientemente. O fisicista Argos de Arruda Pinto[1] esclarece a química das emoções:
Os neurônios são células cerebrais constituintes do sistema nervoso. Para um impulso nervoso se deslocar de um neurônio a outro – a sinapse – faz-se necessário a presença entre eles de substâncias chamadas neurotransmissoras. Nesse processo podem ocorrer reflexos para determinadas regiões de nosso corpo, onde temos a sensação de que o que sentimos é produzido no próprio local. Um aperto em nosso peito devido a uma paixão levava os antigos a acharem que a sede de nossos sentimentos amorosos era no coração...

A depressão caracteriza-se por uma baixa atividade neuronal devido à falta de substâncias desse tipo, como, por exemplo, a serotonina. O ansiolítico atua aumentando o efeito de neurotransmissores inibitórios da resposta nervosa, como o ácido gama-aminobutírico - GABA. A ansiedade, então, grosso modo, é um estado emocional no qual os neurônios têm suas atividades exageradas.

Tudo isso é bem conhecido entre os médicos e pouco pelo público. Poucas são as reportagens, livros ou informações, relacionando toda essa química aos nossos sentimentos. Os cientistas, já há décadas, vêm descobrindo e utilizando para o nosso bem, na forma de medicamentos, as interligações entre neurotransmissores, condução nervosa, sentimentos e emoções. Estes dois últimos seriam produzidos no cérebro devido a estímulos internos ou externos, visando a perpetuação da espécie segundo a Teoria da Evolução de Darwin. Não formaríamos famílias, sociedades, etc., se não fosse a imensa variedade de sentimentos a que nos pertencem, formando poderosos vínculos entre nós e nossos semelhantes. Como apenas um exemplo, o amor e o afeto, e consequentemente a dedicação dos pais com os filhos, mostra de maneira clara esse elo de ligação entre eles.

O circuito do prazer
Segundo a descrição de Luiz Fernando Garcia, em seu livro O cérebro de alta performance, “o prazer é o que leva os seres humanos, desde a fase embrionária, a buscar experiências que farão seu cérebro estabelecer as ligações corretas para sua sobrevivência”. No entanto, se não aprendermos a administrar a estrutura que recria as sensações de prazer, podemos desenvolver uma compulsão e transformar os prazeres em urgências, invés de usá-los como ferramentas para a evolução.
Nossa proposta é usar o prazer não apenas para sobreviver, mas para viver da melhor maneira possível.
A percepção da realidade e atuação sobre ela depende, e muito, de como nos sentimos em relação ao que nossos sentidos captam. Segundo Joe Dispenza, “as emoções servem para reforçar quimicamente algo em nossa memória de longo prazo”.
Assim, nossa percepção da dor ou do prazer dependerá dos registros da nossa memória e, esses, dependerão de como vivemos aquela experiência passada.

Aline Daher
aline.vsdaher@gmail.com 




[1] http://www.cerebromente.org.br/n12/opiniao/sentimentos.html