(Texto direcionado para organizações não-governamentais, mas com uma abordagem interessante. Podemos aprender sempre! A tendência é que as empresas que estabeleçam parcerias bem sedimentadas tenham maior sucesso. beijos Aline)
Por Carla da Nóbrega
Em tempos em que os bons exemplos de responsabilidade social empresarial pipocam por todos os lados, as organizações estão cada vez mais antenadas para a construção de boas parcerias. Entretanto, a parceria desejada é aquela em que há tal nível de confiança entre os parceiros que sua continuidade ao longo do tempo é um caminho natural. Não queremos parcerias instáveis que, a cada renovação, tornam-se motivo de ansiedade e insegurança em relação ao futuro. Sonhamos com parcerias duradouras, as quais tragam segurança e tranquilidade.
Mas qual é o segredo de uma parceria assim? Se analisarmos o conceito de parceria descrito por Marlova Noleto na publicação Parcerias e Alianças Estratégicas: Uma Abordagem Prática, é “uma associação em que a soma das partes representa mais que o somatório individual de seus membros. Passa a ideia de união, proximidade. O parceiro é um amigo, um aliado”.
Ora, então por que não usamos os mesmos princípios utilizados com nossos melhores amigos? Afinal, dedicar confiança, respeito, ética e transparência na relação com um parceiro corporativo não faz mal a ninguém, não é mesmo?
Mas a empresa quer e precisa receber mais. Ela está investindo em seu projeto, e você tem o compromisso de fazer um excelente trabalho com seus recursos e lhe mostrar o retorno. Aí começa outra lista de princípios a serem respeitados: reconhecimento ao parceiro, relatórios, prestação de contas, impacto social, indicadores, agradecimentos, resultados, caminho do projeto para a sustentabilidade etc.
Agora já sabemos o que ele espera de você, e você sabe que deve fazer muito bem seu trabalho. Entretanto, não estamos aqui falando de qualquer parceria, mas, sim, de parcerias duradouras, aquelas que resistem a tempos de crise econômica.
Para chegar a isso não há receita pronta, mas podemos encontrar pistas. Tal qual em uma relação de amizade, as melhores lembranças que o seu parceiro terá serão os “detalhes”, que não estão escritos em branco e preto nos contratos de parceria. Serão as surpresas positivas que você lhe proporcionará, indo além do que ele imagina.
Como podemos surpreender positivamente nossos parceiros empresariais? Existem muitas formas, entre elas:
- Seja criativo em apresentar os resultados do projeto. Um relatório escrito é o mínimo que seu parceiro espera. Complemente-o com um vídeo de depoimentos ou uma visita pessoal ao projeto, que dizem muito mais ao coração.
- Voluntariado. Crie e ofereça oportunidades de voluntariado aos funcionários da empresa. Pesquisas mostram que os funcionários trabalham mais felizes em empresas que são socialmente responsáveis. O envolvimento dos voluntários com seu projeto solidificará sua relação com a empresa.
- Ofereça novas oportunidades de expansão do projeto. A cada renovação, apresente novos componentes ao seu projeto, que estejam conectados com as linhas estratégicas de investimento social da empresa. Escute e conheça bem seu parceiro, para que suas novas propostas estejam de acordo com o que ele quer.
- Crie possibilidades de networking para seu parceiro ampliar sua rede de contatos com outros parceiros de seus projetos, por exemplo, organizando um evento de agradecimento. As empresas gostam de se associar a causas de sucesso e somar esforços com outras empresas.
- Pense de quais maneiras você pode ajudar a empresa a divulgar seu apoio e associar sua marca ao projeto. Existem formas de fazer isso sem grandes investimentos em publicidade. Por exemplo, seus beneficiários do curso de reciclagem podem produzir os brindes de final de ano para a empresa.
- Seja pró-ativo. As empresas em geral estão envolvidas diariamente em muitos outros assuntos não relacionados ao seu projeto. Cabe a você dedicar tempo e ser propositivo em relação a ações que possam alavancar recursos e apoios. A empresa quer e gosta de participar; entretanto, não espere que ela traga propostas para melhorar seu projeto e a visibilidade da parceria.
Carla da Nóbrega: Formada em administração de empresas, atua com captação de recursos há 15 anos. É coordenadora de mobilização de recursos do escritório regional para a América Latina e Caribe da ONG Habitat for Humanity International na Costa Rica e sócio-fundadora, primeira vice-presidente e atual conselheira da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR). |
Nenhum comentário:
Postar um comentário