quinta-feira, 12 de março de 2009

Escrever e dançar para si

Confesso que ultimamente não tenho tido nem muita inspiração nem muito tempo para escrever aqui, dado o número de atividades outras.

Mas é importante dizer que continuo escrevendo.

Existem duas grandes paixões que são distintas mas que representam a importância de fazermos as coisas por nós mesmos. Quero dizer, escrever e dançar.

Nós jornalistas estamos acostumados a escrever para os outros. A visão do leitor sempre está em nossa mente, antes de iniciarmos a escrita. E, hoje, a ausência de tempo para releituras como no passado, exige que o texto do jornalista seja um texto final, de editor. Ao mesmo tempo que comercialmente é importante e poderíamos até dizer 'didaticamente falando' - sem a intenção de profanar o termo - é importante visualizar o leitor, porque o jornalista escreve para o interesse público e, portanto, tem que vislumbrar o leitor.

Mas, quando encontramos a escrita livre, como esta, sem o compromisso de direcionamento, sentido ou sem limite de espaço, encontramos a oportunidade de escrevermos para nós mesmos. Pode ser para organizar o pensamento, para expressar uma emoção, para revelar uma descoberta, para compartilhar momentos vividos, para descobrirmos a nós mesmos.

E, assim como escrever tem esta riqueza, dançar também tem estes dois vieses. Dancei ballet clássico e moderno - com apresentações e etc. - por cerca de 16 anos. E nestes anos a maior preocupação era figurino, maquiagem, técnica, tudo para atender às expectativas de um público e/ou de um jurado, para obter reconhecimento e glória - embora às vezes ocorria o contrário.

Mas os momentos em que dançava para mim, as improvisações, os momentos em que ainda danço, é quando realmente sinto a música penetrar as células e movimentar o que há de mais essencial em mim e me transformar de homo sapiens - ereto e bípede - em instrumento de arte.

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